Para quem não sabe, ao escrever a
Saga Crepúsculo, Stephenie Meyer cortou algumas partes que achou que não se encaixavam bem na história. Algumas dessas partes foram disponibilizadas no site oficial da autora com comentários da mesma. Separamos, os trechos (traduzidos) que referem-se ao livro Lua Nova e falam sobre nosso lobo preferido, Jake.
Comentários da Stephe:
"A maior diferença (e é uma diferença ENORME) entre o primeiro rascunho do Lua Nova e a cópia final é essa: originalmente, Bella nunca descobriu o que tinha de errado com o Jacob. Era um livro menor, sem as setenta páginas cruciais nas quais Jacob e Bella compartilham seus segredos e cimentam o relacionamento deles em algo que ultrapassa a amizade.
(Antes que você continue a ler, não deixe isso te confundir. Não é como “realmente aconteceu”. Conforme o meu conhecimento sobre a personagem do Jacob cresceu, essa versão original foi ficando cada vez mais improvável. (É claro que o Jacob ia quebrar as regras – ele é o Jacob!) Esse é só o esqueleto – só ossos, sem carne.
Tente imaginar: Bella vai até a casa do Jacob para exigir a verdade sobre o “culto”. Jacob aparece com o Sam e os outros, e concorda em conversar com a Bella a sós. Ele dá um fora nela (por falta de expressão melhor), e ela fica devastada pela segunda vez no livro. Ok, isso parece familiar. Mas então à noite… nada acontece. Jacob não quebra as regras e escala a árvore até a janela para falar com ela. Jaacob não dá nenhuma pista para ela, para tentar ajudá-la a descobrir o que ela já sabe. Bella ainda fica isolada, sozinha. Ela não tem idéia de que a Victoria está lá fora, caçando-a, ou que os lobisomens estão lá fora, protegendo-a.
Mas a Bella é muito persistente em receber alguma resposta do Jacob. Ela não tem os problemas de orgulho que interferiam no relacionamento deala com o Edward no começo do Lua Nova para Pará-la aqui. Não, Jacob DEVE a ela algo mais que isso, droga, e ela vai fazê-lo pagar.
Ela não consegue encontrá-lo, no entanto, e eventualmente a busca dela a leva até o topo dos penhascos. Ela se lembra de ver “a gangue” mergulhar no nada – e você sabe como ela está viciada nas alucinações. Mergulhar do penhasco é a inspiração dela nessa versão. Quando o Jacob a salva dessa vez, a interação entre eles é 180º diferente do que na versão final."
Se Jacob não tivesse quebrado as regras
- Como nós vamos sair daqui? – eu tossi e cospi as palavras. Estava com tanto frio agora que não conseguia sentir muita coisa além do calor do corpo dele enquanto ele me carregava cuidadosamente acima das ondas, e a dor nas minhas costas. Parecia que a corrente estava arrastando as minhas pernas, se recusando a desistir, mas elas estavam entorpecidas e talvez eu só estivesse imaginando.
- Eu vou carregar você até a praia. Você vai ficar mole como se estivesse inconsciente e não vai lutar. Isso deixará as coisas mais fáceis.
- Jake – eu disse ansiosamente. – A água é forte demais. Você provavelmente não vai conseguir sozinho, quem dirá me levando.
- Eu puxei você pra fora, não puxei? – ele me apertou forte demais para que eu visse seu rosto, mas a voz dele parecia um pouco convencida.
- Você puxou – eu concordei incerta. – Como? A correnteza…
- Eu sou mais forte que você.
Eu teria concordado, mas a água decidiu sair do meu estomago bem na hora.
- Ok – ele disse quando eu terminei de vomitar. – Preciso tirar você daqui. Lembre-se, fique parada.
Eu estava fraca demais para discutir, mas estava aterrorizada demais de deixar a segurança da pedra e deixar as ondas virem pra cima de mim de novo. Tão recuperada quando eu estava há dois minutos sobre a idéia de me afogar, agora eu estava com medo. Eu não queria voltar para o escuro. Não queria que a água cobrisse meu rosto de novo.
Eu pude sentir quando o Jacob pulou da pedra. Estava de costas e ele ainda estava me segurando embaixo dos braços quando ele deu o impulso. A água barulhenta nos alcançou, e eu entrei em pânico e comecei a chutar.
- Pare com isso – ele repreendeu.
Eu lutei para me manter quieta, e era mais difícil do que eu teria imaginado, mesmo com meus membros exaustos e com câimbras querendo nada mais que relaxar e ficar parados.
Era incrível – nós nos movemos pela água como se uma linha estivesse nos guiando para a costa. Jacob era o nadador mais forte que eu não tinha visto. Os empurrões e agarrões da correnteza pareciam inúteis até mesmo de deslocar a rota direta que ele seguia pelas ondas. E ele era rápido. Ia em ritmo de recorde mundial.
Então eu senti a areia raspando em meus calcanhares.
- Ok, pode ficar em pé, Bella.
Assim que ele me soltou, eu caí de cara nas ondas que estavam na altura dos joelhos.
Ele me pegou antes que eu pudesse engolir mais água, me jogando facilmente para os seus ombros e andando até a areia. Ele não disse mais nada, mas a respiração dele parecia irritada.
- Para lá – ele murmurou para si mesmo, e depois mudou de direção. Eu só podia ver, quando pendi do ombro dele, seus pés descalços deixando pegadas enormes na areia molhada.
Ele me sentou numa faixa de areia que parecia seca. Estava escuro aqui – eu percebi que nós estávamos em uma caverna rasa que a maré tinha formado embaixo da pedra. A chuva não podia me atingir diretamente, mas os respingos de garoa batiam na areia do lado de fora e me acertavam.
Eu estava tremendo tanto que meus dentes estavam batendo – o som era como castanholas.
- Vem aqui – Jacob disse, mas eu não tive que me mover. Ele enrolou os braços ao meu redor e me apertou com força em seu peito nu. Eu tremi, mas ele estava parado. A pele dele estava muito quente – como se a febre tivesse voltado.
- Você não está congelando? – eu gaguejei.
- Não.
Eu me senti envergonhada. Além de ele ser exponencialmente melhor do que eu na água, ele ainda tinha que fazer parecer mais fraca.
- Eu sou tão frouxa – murmurei.
- Não, você é normal – a amargura estava lá no tom dele. Ele se moveu rapidamente, sem me dar chance de perguntar o que ele quis dizer. – Se importa em me explicar que diabos você estava fazendo? – ele exigiu.
- Pulando do penhasco. Recreação – Inacreditável, mas ainda tinha alguma no meu estômago. E ela escolheu esse momento para reaparecer.
Ele esperou até que eu pudesse respirar outra vez. – Parece que você se divertiu.
- E me diverti, até bater na água. Não devíamos procurar ajuda ou algo assim? – meus dentes ainda estavam batendo, mas ele entendeu o que eu quis dizer.
- Estão vindo.
- Quem está vindo? – eu perguntei, desconfiada e surpresa.
- Sam e ou outros.
Eu fiz uma careta. – Como eles sabem que precisamos de ajuda? – meu tom era cético.
Ele bufou. – Porque eles me viram correr e me atirar de um penhasco atrás de você.
- Você estava me vigiando? – eu acusei, ligeiramente ofendida.
- Não, eu escutei você gritar. Se eu tivesse visto você, teria te impedido. Foi muita burrice, sabe.
- Seus amigos fazem isso.
- Eles são mais fortes que você.
- Eu sei nadar bem – eu protestei, ignorando a evidencia que provava o contrario.
- Em uma piscina ?????????? – ele retrucou. – Bella, ta virando um furacão pra lá. Você não considerou isso?
- Não – eu admiti.
- Burrice – ele repetiu.
- É – eu concordei com um suspiro. Estava tão frio e eu estava tão cansada.
- Fique acordada – Jacob disse ríspido.
- Nem vem – eu respondi. – Não vou dormir.
- Então abra os olhos.
Pra falar a verdade, eu nem tinha percebido que eles estavam fechados. Não disse isso a ele. Eu só os abri e disse “Ok.”
- Jacob? – o chamado veio claramente apesar do vento e ondas barulhentos. A voz era muito grave.
Jacob se inclinou para que ele não gritasse no meu ouvido. – Na caverna, Sam.
Eu não os escutei se aproximarem. Abruptamente, a pequena caverna estava cheia de pernas marrons. Eu olhei para cima, sabendo que meus olhos estariam cheios de suspeitas e raiva, consciente da proximidade do Jacob. Os braços dele formavam um escudo ao meu redor, mas de repente eu me senti como a protetora.
O rosto calmo de Sam foi a primeira coisa que eu vi. Uma onda confusa de déjà vu me surpreendeu. A caverna escura não era muito diferente da floresta à noite, e, novamente, eu estava deitada, fraca e inútil aos pés dele. Ele estava me salvando de novo. Eu olhei pra ele, irritada.
- Ela está bem? – ele perguntou ao Jacob com uma voz segura, como um adulto entre as crianças.
- Estou bem – eu resmunguei.
Ninguém me escutou.
- Temos que esquentá-la – ela está ficando com sono – Jacob respondeu.
- Embry? – Sam chamou, e um dos garotos deu um passo à frente para entregar para Jacob alguns cobertores. O tom de comando da voz do Sam me irritou até não poder mais. Era como se nenhum deles pudesse fazer algo até que ele dissesse. Eu o encarei ferozmente enquanto Jacob colocava as cobertas em volta de mim.
- Vamos tirá-la daqui – Sam mandou friamente. Ele inclinou para mim com as mãos esticadas, mas parou quando eu recuei dele.
- Já peguei, Sam – Jacob disse, colocando seus braços embaixo de mim e me levantando facilmente quando ele se colocou de pé.
- Eu posso andar – eu protestei.
- Ok – Jacob me colocou no chão e esperou.
Meus joelhos dobraram. Sam me pegou quando eu caí; instintivamente, eu lutei contra as suas mãos.
Jacob me pegou de novo, me tirando de perto de Sam e me girando até seus braços. Ele era ridiculamente forte para a idade dele. Eu fiz uma careta bem feia quando o Sam colocou os cobertores ao meu redor outra vez.
- Paul, você ta com aquele poncho?
Outro garoto deu um passo a frente sem falar nada e colocou uma camada de plástico para proteger os cobertores.
A essa altura, enrolada em camadas de proteção, eu notei que Sam e os outros não estavam muito mais vestidos que Jacob. Presumi que Jacob tinha tirado a maioria das roupas antes de pular atrás de mim, mas eles estavam todos descalços e sem camisa, cada um usando só calças ou shorts, pingando por causa da chuva. A água pingava dos cabelos deles e escorria pela pele dos peitos deles; eles nem pareciam notar.
Embaixo da minha camada de cobertas, eu tremi descontroladamente e me senti como um bebê ridículo.
- Vamos – Sam ordenou, e todos saíram da caverna.
Tinha uma trilha que seguia para a praia. Eles andavam com agilidade pelo caminho, Jacob tão rápido quanto os outros. Ninguém se ofereceu para ajudá-lo, e ele não pediu nenhuma ajuda. O fato das mãos dele estarem ocupada não parecia incomodá-lo. Ele nem tropeçava.
Sam e os outros três iam à frente, e, conforme eu os observava escalar com a facilidade de bodes montanheses, eu fiquei chocada ao perceber o quão bem eles se ajustavam ao cenário. Eles se misturavam com tal harmonia com as cores das pedras e arvores, com o movimento do vento; eles pertenciam ao lugar.
Eu olhei para o Jacob e ele pertencia ao lugar também. As nuvens, a tempestade, a floresta, todo emoldurava seu novo rosto com perfeição. Ele parecia ainda mais natural, mais à vontade que o meu Jacob feliz que zanzava pela sua garagem, seu próprio reino. Era perturbador.
Nós alcançamos o topo bem mais longe na estrada do que eu tinha me aventurado. Eu podia ver um montinho de cor meio enferrujada, vago, ao sul, e achei que era minha picape.
Eu quis tentar andar de novo, mas Jacob ignorou meus pedidos baixos. Eles correram para a orla da floresta, como se eles pudessem se mover mais rápido pelas árvores do que na estrada. E eles estavam se movendo mais rápido; minha picape estava se aproximando mais rápido do que deveria
- Onde estão as duas chaves? – Jacob perguntou quando chegamos perto. A respiração dele ainda estava equilibrada e regular.
- No meu bolso – eu respondi automaticamente, antes de perceber o que ele estava sugerindo.
- Me entregue.
Eu olhei para ele, mas seu rosto estava calmo e determinado. Mal humorada, eu forcei minha mão pra dentro dos jeans molhados e tirei minha chave. Lutei contra as cobertas até que a minha mão estivesse livre. Levantei a chave.
- Para você ou para o Sam? – eu perguntei rabugenta.
Ele revirou os olhos. – Eu dirijo.
Num movimento rápido e imediato, ele inclinou a cabeça na minha direção e tirou as chaves das minhas mãos com os dentes.
- Ei! – eu reclamei, surpresa, como quando ele me colocou nos braços.
Ele sorriu, seco, através da chave.
Estávamos junto à picape agora; Sam abriu a porta do passageiro e Jacob me colocou dentro do carro. Jacob deu a volta para o lado do motorista enquanto o resto deles subiu na caçamba. Jacob ligou o motor e o aquecedor no máximo, mudando a posição deles para que ficassem só pra mim. Eu olhei culpada para a janela de trás, para seus amigos sentados sem se perturbarem, seminus na chuva que caía.
- Mas então o que você estava fazendo por aqui? – eu perguntei ao Jacob. – Vocês iam nadar com o furacão também?
- Estávamos correndo – ele cortou.
- Na chuva?
-Sim, sorte sua.
Eu calei a boca e olhei para a janela.
Nós não viramos na 110 como eu esperei, mas ao invés disso pegamos o caminho que levava a casa do Billy.
- Por que você está me levando para a sua casa?
- Eu vou pegar a minha moto e colocar na caçamba para a viagem de volta – a não ser que você queria que eu fique com a sua picape.
- Ah.
- Além do mais, eu quero que o Billy dê uma olhada em você. Eu não quero que o Charlie saiba disso até que eu tenha certeza de que você bem. Ele provavelmente vai me prender por tentativa de homicídio, ou algo assim – ele acrescentou amargamente.
- Não seja burra – eu retruquei.
- Ok – ele concordou. – Já tem mais que estupidez necessária… pular de um penhasco!
Eu corei e olhei pra frente.
Jacob me carregou para dentro da casa. O resto deles nos seguiu silenciosamente. O rosto de Billy estava sem expressão.
- O que aconteceu? – ele perguntou, direcionando a pergunta ao Sam ao invés que a seu próprio filho. Olhei pra ele.
- Eu estava pulando do penhasco – eu disse rapidamente, antes que Sam pudesse responder.
Billy só ergueu uma sobrancelha e manteve os olhos no Sam.
- Ela está com frio, mas acho que ficará bem em algumas roupas secas – Sam disse.
Jacob me colocou no sofá pequeno, e rapidamente o empurrou para perto do aquecedor. As pernas do sofá se arrastaram, barulhentas, pelo chão de madeira. Então ele desapareceu até o armário no quartinho.
Billy não disse nada sobre a condição de seu filho, que pingava pela casa toda, nem sobre a de ninguém.
Ninguém parecia preocupado com hipotermia a não ser no meu caso.
Me senti mal sobre encharcar o sofá, mas eu não conseguia levantar a cabeça para salvar o tecido seco do meu cabelo molhado. Estava cansada demais. Mesmo as figuras altas e agourentas que enchiam a sala, encostadas nas paredes sem se mexerem, conseguiam manter meus olhos abertos. Eu finalmente estava quente perto do aquecedor que zumbia, e meus pulmões se moviam de um jeito que me empurrava até a inconsciência ao invés de me deixar acordada.
- Devo acordá-la para se trocar? – eu ouvi o Jacob sussurrar. Perguntando para o Sam, sem dúvida.
- Como está a pele dela? – a voz grave de Sam respondeu. Eu queria mandar pra ele outro olhar de raiva, mas meus olhos não abriam.
Os dedos do Jacob tocaram levemente minha bochecha.
- Quente.
- Acho melhor deixá-la dormir, então.
Eu fiquei feliz que eles iam me deixar em paz.
- Charlie? – Jacob perguntou.
Billy respondeu dessa vez. – Ele viria pra cá num piscar de olhos. Vamos esperar até que a tempestade passe para chamá-lo.
Boa resposta, eu pensei. Aqui eu estava, cercada por homens estranhos dos quais eu tinha começado a sentir medo, mas me senti estranhamente segura e quente aqui.
Alguém falou alguma coisa, uma voz que eu não reconhecia. – Você quer que nós três voltemos pra lá?
Houve uma pausa. – Acho que sim – Sam finalmente disse. – A tempestade é o disfarce perfeito, não vamos ser pegos desprevenidos.
- Três é suficiente? – Billy perguntou, parecendo preocupado.
Alguém deu uma risada gutural. – Nenhum risco.
- Se tiver um só – Sam emedeu, severo. Ninguém respondeu, mas eu escutei uma porta se abrindo.
- Controle, meus irmãos – Sam disse de novo, no tom de alguém se despedindo de um parente. – Rapidez e segurança para vocês.
Fiquei ligeiramente incomodada com essas palavras, mas mantive minha voz equilibrada.
- Irmãos – os outros repetiram em uníssono. Eu escutei a voz do Jacob se unir a dos outros.
A porta se fechou silenciosamente. Não houve som por um bom tempo, e a temperatura quente me levou até a inconsciência outra vez. Eu estava quase dormindo quando o Sam falou calmamente.
- Você não quis deixá-la.
- Se ela acordar, eu acho que ela teria medo de você – Jacob parecia na defensiva.
- Você não pode fazer isso, Jacob. Foi certo salvar a vida dela hoje, claro. Mas você não pode mantê-la perto de você.
Eu tive que morder a língua para segurar a resposta acida que eu queria dar pra ele. Era mais importante escutar agora.
- Sam… eu… eu acho que consigo. Acho que seria seguro.
- Um momento de raiva, só isso. Quão perto você chegou na tarde passada?
Jacob não respondeu.
- Eu sei que é muito difícil.
- Eu sei que você sabe – Jacob disse, complacente. Não, eu quis dizer a ele. Não se entregue assim!
- Seja paciente – Sam aconselhou. – Em um ano mais ou menos…
- Ela terá ido embora – Jacob concluiu amargamente.
- Ela não é pra você – Sam disse gentilmente.
Jacob não respondeu, e eu fiquei magoada. Eu odiava ter que concordar com o Sam em qualquer coisa. E eu não via como esse fato estragava a nossa amizade.
Estava quente demais para eu me concentrar, e no silencia que se seguiu a esse dialogo eu perdi a luta contra minha mente cansada. Em algum lugar perto, eu escutei uma voz delicada murmurando uma canção de ninar familiar, e eu soube que já estava adormecida.
Epílogo - Humanoomentários da Stephe: "A parte a seguir me parecia uma boa introdução para o epílogo original do Lua Nova. Conforme continuamos com esse universo alternativo, lembrem-se que, mesmo a Bella sabendo que tem algo errado com o Jacob, ela não tem idéia que ele é um lobisomem. No epilogo, ela e Edward estão juntos em Forks outra vez, e as coisas voltaram ao normal…"
Epílogo – Humano
Era uma daqueles raros dias de sol, o tipo de dia que eu menos gostava. Mas Edward não podia manter sua promessa a cada minuto. Ele também tinha suas necessidades.
- Alice pode ficar de novo – ele ofereceu na sexta-feira à noite. Eu conseguia ver a ansiedade por trás de seus olhos – o medo de que iria surtar no minuto que ele me deixasse sozinha e fazer algo maluco. Como pegar a minha moto de La Push, ou brincar de roleta russa com a pistola do Charlie.
- Eu vou ficar bem – eu disse com uma confiança fingida. Tantos meses de esforço para manter as aparências tinham afiado minhas habilidades para mentir. – Você tem que se alimentar também. E é melhor nós voltarmos à rotina.
A maioria das coisas tinha voltado à rotina, em menos tempo que eu acreditaria ser possível. O hospital tinha recebido Carlisle de volta de braços abertos e ávidos, sem nem se preocupar em esconder a felicidade com o fato de que Esme não tinha gostado da vida em Los Angeles. Graças à prova de cálculo que eu tinha perdido, Alice e Edward estavam em melhores condições de se formar do que eu no momento. Charlie não estava contente comigo – ou falando com o Edward – mas pelo menos Edward podia entrar em casa de novo. Eu só não podia sair dela.
- Eu tenho umas redações para fazer, de qualquer jeito – eu suspirei, acenando em direção a pilha de inscrições para faculdades – Edward tinha surrupiado um de cada faculdade cujo prazo de entrega ainda estava aberto – na minha mesa. – Eu não preciso de nenhuma distração.
- Isso é verdade – ele disse com uma severidade zombeteira. – Você terá muita coisa pra deixá-la ocupada. E eu estarei de volta quando anoitecer.
- Não se apresse – eu disse a ele superficialmente, e fechei meus olhos como se estivesse cansada.
Eu estava tentando convencê-lo que eu confiava nele, o que era verdade. Ele não precisava saber dos pesadelos de zumbi. Eles não eram sobre a falta de confiança nele – era de mim mesma que eu ainda não podia depender.
Charlie ficou em casa, o que não era normal para um sábado. Eu trabalhei nas inscrições na mesa da cozinha para que ele pudesse ficar de olho em mim com mais facilidade. Mas eu era um tédio de se observar, e ele raramente tirava os olhos da televisão para checar se eu ainda estava lá.
Eu tentei me concentrar nos formulários e perguntas, mas era difícil. Hora ou outra eu me sentia solitária; minha respiração ficava mais dura e eu tinha que lutar para me acalmar. Eu me sentia como aquele motorzinho que podia – toda a hora eu tinha que me lembrar, você pode fazer isso, você pode fazer isso, você pode fazer isso.
Então, quando a campainha tocou, a distração foi mais que bem recebida. Eu não tinha idéia de quem poderia ser, mas eu nem me importava.
- Eu atendo! – eu gritei, e levantei da mesa como um raio.
- Ok – Charlie disse desinteressado. Eu corri para a sala de estar, pronta para receber um vendedor porta a porta ou alguma testemunha de Jeová.
- Oi, Bella – Jacob Black sorriu, cínico, quando a porta se abriu.
- Ah, Jacob, oi – eu murmurei, surpresa. Eu não tinha tido noticias deles desde que nós tínhamos voltado sãos e salvos da Itália. Eu tinha considerado a ultima despedida dele como final. Doía quando eu pensava sobre isso, mas para ser perfeitamente honesta, minha mente tinha ficado bem ocupada com outras coisas para sentir a falta dele como eu deveria.
- Está livre? – ele perguntou. O tom amargo não tinha desaparecido de sua voz, e ele disse essas palavras com um ressentimento especial.
- Depende – Minha voz estava ácida, combinando com a dele. – Não estou tão ocupada, mas eu estou sob custodia. Então não estou livre, não.
- Mas você está sozinha, não? – ele explicou, sarcasticamente.
- O Charlie está aqui.
Ele mordeu os lábios. – Eu queria falar com você a sós… se você puder.
Eu levantei as mãos, sem defesa. – Você pode pedir ao Charlie – eu disse, com um triunfo escondido. Charlie nunca me deixava sair de casa.
- Não foi isso que eu quis dizer – Os olhos escuros dele de repente ficaram mais sérios. – Não era a permissão do Charlie que eu estava pedindo.
Eu o encarei sombriamente. – Meu pai é o único que me diz o que eu posso e o que eu não posso fazer.
- Se você diz – ele deu de ombros. – Ei, Charlie! – ele gritou por cima do meu ombro.
- É você, Jake?
- Sim. A Bella pode dar uma volta comigo?
- Claro – Charlie disse casualmente, e meu sorriso esperançoso, o que esperava pela negação, se tornou uma careta.
Jacob levantou uma sobrancelha em desafio.
O olhar provocador que estava nos olhos dele fez me mover mais rápido do que eu teria me movido. Eu estava fora de casa em um segundo, fechando a porta atrás de mim.
- Aonde você quer ir? – eu perguntei, com uma animação falsa.
Pela primeira vez, ele pareceu inseguro. – Sério? – ele perguntou. – Você ficaria sozinha comigo, de verdade?
- É lógico – eu franzi a testa. – Por que não?
Ele não respondeu. Ele me encarou por um longo minuto com os olhos suspeitos e confusos.
- O quê? – eu exigi.
- Nada – ele resmungou. Ele começou a andar para a floresta.
- Vamos por esse lado – eu sugeri, acenando em direção a rua do lado oeste. Eu já tinha tido experiências suficientes para uma vida toda naquela parte da floresta.
Ele olhou para mim rapidamente, suspeito de novo. Então deu de ombros outra vez e passou na calçada para a rua.
Essa era a caminhada dele, então eu mantive minha boca fechada, embora eu estivesse ficando mais curiosa a cada segundo.
- Tenho que admitir, estou surpreso – ele finalmente falou quando nós estávamos quase na esquina. – A sugadorazinha de sangue não te contou tudo?
- Eu girei e comecei a andar para a casa de novo.
- Que foi? – ele perguntou, confuso, igualando meu passo irritado.
Eu parei e olhei para ele. – Eu não vou falar com você se começar a insultar os outros.
- Insultar? – ele piscou, surpreso.
- Você pode se referir aos meus amigos usando os nomes deles.
- Ah – Ele ainda parecia um pouco surpreso que eu tinha achado a palavra ofensiva. – Alice então, né? Não acredito que ela ficou de boca fechada – Ele começou a andar para a esquina outra dez, e eu o segui, relutante.
- Não sei do que você está falando.
- Você não cansa de se fazer de burra?
- Não estou me fazendo de burra – eu disse, azeda. – Aparentemente, eu sou burra.
Ele me olhou cuidadosamente. – Hm – ele resmungou.
- Que é? – eu exigi.
- Ela não falou mesmo de mim?
- De você? O que tem você?
Os olhos deles examinaram o meu rosto novamente. Então ele sacudiu a cabeça em resignação e mudou de assunto.
- Eles já te fizeram escolher?
Eu soube imediatamente o que ele quis dizer.
- Eu disse pra você que eles não iam fazer isso. Você é o único obcecado em escolher lados.
Ele sorriu, um sorriso duro, e seus olhos se estreitaram. – Veremos sobre isso.
Abruptamente, ele se inclinou e me pegou em um abraço de urso tão apertado e entusiasmado que me tirou do chão.
- Me solta! – eu lutei inutilmente. Eles era forte demais.
- Por quê? – ele riu.
- Porque eu não consigo respirar!
Ele me largou, dando um passo para trás com um sorriso malicioso no rosto.
- Você está drogado – eu acusei, olhando para baixo envergonhada, fingindo arrumar a minha camiseta.
- Só lembre-se que eu te avisei – ele sorriu, se inclinando de novo – não tão longe – para pegar meu rosto entre suas mãos enormes.
- Hm, Jacob… – eu protestei, minha voz subindo uma oitava, uma mão se mexendo rapidamente para cobrir a minha boca.
Ele me ignorou, inclinando a cabeça para pressionar seus lábios firmemente na minha testa por um segundo prolongado. O beijo pareceu começar como uma piada, mas seu rosto estava nervoso quando ele se endireitou.
- Você deveria me deixar beijá-la, Bella – ele disse quando deu um passo para trás, deixando as mãos caírem. – Você pode gostar. Algo quente pra variar.
- Eu te disse desde o começo, Jacob.
- Eu sei, eu sei – ele suspirou. – Culpa minha. Fui eu que soltei a granada.
Eu olhei pra baixo, mordendo o lábio.
- Eu ainda sinto a sua falta, Bella – ele disse. – Muito. E então, bem na hora que nós talvez voltássemos a ser amigos de novo, ele volta.
Fiz cara feia pra ele. – Se não fosse pelo Sam, nós seriamos amigos de qualquer jeito.
- Você acha? – Jacob de repente sorriu, e o sorriso era arrogante. – Ok, deixarei nas mãos dele então – era obvio que o pronome que ele disse não se referia ao Sam.
- O que você quer dizer?
- Eu serei seu amigo – se ele não tiver problema com isso – Jacob ofereceu, e depois começou a rir com algo que lembrava um divertimento verdadeiro.
Eu fiz uma careta, mas não ia deixar passar a oportunidade inesperada. – Ótimo – eu estiquei minha mão à minha frente. – Amigos.
Ele apertou minha mão com um sorriso. – A parte irônica é que – se ele deixar que você seja minha amiga – ele bufou de escárnio. – ia dar certo. Sou melhor que isto do que o resto deles. Sam diz que é da minha natureza – ele fez uma cara revoltada.
- Da sua natureza em quê? – eu perguntei, confusa.
- Vou deixar que o sanguessuga te conte isso – quando ele te explicar porque você não pode ser minha amiga – Jacob riu de novo.
Eu me virei automaticamente, mas ele agarrou meu ombro.
- Desculpa. Escapou. Eu quis dizer… Edward, é claro.
- É claro. Só se lembre que você fez um trato – eu o lembrei sombriamente.
- Eu vou manter a minha parte da barganha, não se preocupe com isso – ele riu.
- Não entendo a piada – eu reclamei.
- Você vai entender – ele continuou a rir. – Mas eu não posso garantir que você vai achar engraçado.
Ele começou a voltar para a casa, então eu achei que ele já tinha dito tudo o que planejava dizer.
- Como está o Sam? – eu perguntei em um tom neutro.
- Não está feliz, como você deve imaginar – ele disse, atestando a verdade. – Você não pode esperar que a gente esteja super feliz que os vampiros voltaram pra cá.
Eu o encarei, meu rosto congelado de choque.
- Ah, fala sério, Bella – ele resmungou, revirando os olhos.
Eu franzi a testa e olhei para longe, enquanto ele ria de novo. Meu temperamento se incendiou.
- Como está o Quil? – eu o provoquei.
A expressão dele imediatamente virou uma careta. – Não o vejo muito mais – ele reclamou.
- Bom.
- É só uma questão de tempo – ele disse numa voz doentia e nervosa. – Agora.
- Agora o quê?
- Agora que seus amigos estão de volta.
Nós nos encaramos por um momento.
- Não posso falar com você quando fica desse jeito – eu decidi eventualmente.
Eu não esperava que ele desse pra trás, mas ele deu.
- Você tem razão. Não estou sendo muito amigável, né? Não deveria desperdiçar o momento – essa provavelmente é a última conversa que nós teremos.
- Vou gostar bastante de provar que você está errado – eu murmurei.
- Isso é engraçado. Eu não acho que vou gostar nenhum um pouco de provar que vocês está errada.
Nós tínhamos chegado a casa. Jacob me acompanhou até a varanda, mas nós paramos ali.
- Você espera que ele volte logo? – Jacob perguntou casualmente.
- Edward, você quer dizer?
- Sim… Edward – parecia difícil para ele dizer o nome. Ele tinha menos problema com ‘Alice’.
- Mais tarde – eu disse num tom vago.
Jacob piscou para o sol, que aparecia através das nuvens estranhamente finas.
- Ah – ele disse, claramente entendendo perfeitamente. – Diga a ele que eu disse ‘oi’.
Ele soltou outra risada.
- Claro – eu murmurei.
- Eu nem consigo te dizer o quanto queria que você ganhasse essa – ele disse quando terminou de rir, seu sorriso desaparecendo. – La Push é tão sem graça sem você.
Tão rapidamente que a minha respiração parou de choque, Jacob atirou os braços ao me redor outra vez.
- Tchau, Bella – ele sussurrou, sua respiração quente no meu cabelo.
Antes que eu pudesse me recuperar e responder, Jacob se virou e correu pela rua, suas mãos enfiadas nos bolsos da calça. Foi só nessa hora que eu me perguntei como ele tinha chegado até aqui. Não tinha nenhum carro à vista. Mas as pernas compridas dele o levavam tão rápido que eu teria que gritar para perguntar. E eu tinha certeza que ele ia se encontrar com o Sam em algum lugar por perto.
Parecia que tudo o que eu fazia com o Jacob era dizer adeus. Eu suspirei.
Charlie não olhou pra cima quando eu passei por ele.
- Que conversa curta – ele notou.
- Jacob foi birrento – eu disse a ele.
Ele riu brevemente, olhos na TV.
Levei meus trabalhos para o meu quarto, então, determinada a me concentrar melhor. Eu sabia que se eu ficasse na cozinha eu não iria tirar meus olhos do relógio em cima do forno por nada. No meu quarto, consegui simplesmente tirar o despertador da tomada para resolver o problema. Eu já tinha preenchido cinco formulários de inscrição, que estavam prontos para serem enviados, quando o som da chuva tirou a minha concentração. Eu olhei para a janela. Aparentemente, o tempo bom tinha acabado. Eu sorri por um momento, e olhei para a próxima pergunta. Ainda tinha horas à minha frente.
Algo rígido me pegou pela cintura com força e me tirou da cama. Antes que eu pudesse inspirar para gritar, minhas costas estavam contra a parede mais distante. Eu estava presa ali por algo firme e frio – e familiar. Um rosnado baixo, alarmado saia por entre seus dentes.
- Edward, que foi? Quem está aqui? – eu sussurrei em terror. Tinham tantas respostas más para aquela pergunta. Era tarde demais. Eu nunca devia ter dado ouvidos a eles, eu devia ter feito a Alice me mudar na hora. Eu comecei a hiperventilar de medo.
E então Edward disse – Hmmm – em uma voz que não parecia nenhum pouco preocupada. – Alarme falso.
Eu respirei fundo, acalmando o ritmo. – Ok.
Ele se virou, se afastando devagar para me dar espaço. Ele colocou as mãos nos meus ombros, mas não me puxou para perto. Seus olhos examinaram meu rosto, meu nariz perfeito se torcendo um pouco.
- Desculpe por isso – ele sorriu pesarosamente. – Exagerei.
- Em quê? – eu perguntei.
- Em um minuto – ele prometeu. Ele deu um passo para trás e me olhou com uma expressão estranha que eu não consegui decifrar. – Primeiro, por que você não me diz o que fez hoje?
- Fui boazinha – eu disse sem fôlego. – Já estou na metade.
- Só na metade? Não que eu esteja reclamando. – Agora que eu estava começando a me recompor do momento de pânico, eu podia sentir uma onda de felicidade surgindo dentro de mim. Ele tinha voltado.
- Você fez mais alguma coisa? – ele continuou, esperançoso.
Eu dei de ombros. – Jacob Black passou aqui.
Ele acenou, sem surpresa. – Ele escolheu bem o momento. Suponho que ele estivesse esperando eu ir embora.
- Provavelmente – eu admiti e ele de repente ficou tenso. – Porque, Edward, ele… bem, parece saber de tudo. Eu não sei se ele começou a acreditar no Billy agora -
- Eu sei – ele murmurou.
- O quê? – eu perguntei, pega desprevenida outra vez.
Mas Edward tinha andado para longe, seu rosto distante e pensativo.
Eu comecei a ficar brava. – Isso é irritante. Você vai me contar o que está acontecendo?
- Talvez – mas ele hesitou. – Posso pedir um favor antes?
Eu gemi. – Certo – eu fui sentar na cama, tentando juntar os papeis espalhados. – O que você quer? – Ele devia saber que não havia muita coisa que eu não faria por ele. Perguntar era quase supérfluo.
- Eu gostaria muito se você me prometesse ficar longe do Jacob Black. Só para minha paz de espírito.
Meu queixo caiu. Eu olhei para ele em um a descrença horrenda. – Você esta brincando – eu disse sem acreditar.
- Não, não estou – ele me olhou com olhos sombrios. – Você quase me fez ter um ataque do coração – e não é a coisa mais fácil de fazer.
Eu não entendia o que ele queria dizer com aquilo, só que ele estava fazendo exatamente o que eu tinha tanta certeza que ele não faria. – Você não pode estar falando sério. Você não pode estar pedido de verdade que eu escolha lados.
- Escolha lados? – ele perguntou, franzindo a testa.
- Jacob disse que eu teria que escolher, que você não me deixaria ser amiga dele – e eu disse que isso era ridículo – eu olhei para ele com olhos suplicantes – suplicantes para ele levar a sério.
Os olhos dele se estreitaram um pouco. – Mesmo eu odiando fazer com que o Jacob Black esteja certo… – ele começou.
- Não! – eu lamentei. – Não acredito nisso! – Eu chutei o ar, petulante, e uma pilha de inscrições voaram para o chão.
Os olhos dele ficaram frios. – Você pode escolher o outro lado – ele me lembrou.
- Não seja idiota! – eu resmunguei.
- Eu não tinha percebido que ele era tão importante para você – Edward disse numa voz melancólica. Os olhos dele ficaram duros outra vez.
- Você não está com ciúmes – eu gemi sem acreditar.
Ele fungou uma vez, e torceu o nariz de novo. – Bem, o cheiro é como se ele tivesse chegado bem perto de você hoje à tarde.
- Não foi idéia minha – Mas eu corei.
Ele notou isso. Levantou uma sobrancelha.
- Não tem absolutamente motivo algum para você ficar com ciúme de ninguém nem de qualquer coisa, nunca. Como você não sabe disso? Mas o Jacob é importante pra mim. Ele é o melhor amigo humano que eu tenho. Ele é da família. Se não fosse por ele… – eu parei, sacudindo a cabeça. Morta não era a pior coisa que eu poderia estar sem o Jacob.
- Seu melhor amigo humano – Edward repetiu em voz baixa, encarando sem ver a janela por um segundo antes de se voltar para mim. Ele veio sentar do meu lado na cama, mas deixou um espaço entre nós, o que me surpreendeu. – Eu tenho que admitir, eu devo um a ele – pelo menos uma – por salvar você do túmulo aquático. Mesmo assim, eu… preferiria que você mantivesse distancia. Porque eu estar com ciúmes ou não vem ao caso. Você já deve ter percebido a essa altura que a única coisa que me deixa preocupado é a sua segurança.
Eu pisquei, surpresa. – Segurança? O que diabos você quer dizer?
Ele suspirou, fazendo uma careta. – Não é meu segredo para contar. Por que você não perguntou ao Jacob o que está acontecendo.
- Eu perguntei.
Ele colocou os dedos nos lábios, me lembrando de falar baixo.
- Eu acabei de perguntar, de novo – eu continuei nervosa, porem mais silenciosamente. – E o Jacob disse “eu vou deixar o sanguessuga te contar essa, quando ele explicar porque você não pode ser minha amiga”.
Ele revirou os olhos, então eu continuei.
- Ele também disse para te falar “oi” – eu acrescentei, usando o mesmo tom de provocação que o Jacob tinha usado.
Ele sacudiu a cabeça, e então sorriu triste. Ele colocou as mãos nos meus ombros, me segurando um pouco longe, como se fosse para ter uma visão melhor da minha expressão. – Ótimo, então – ele disse. – Eu vou te contar tudo. Na verdade, eu vou explicar cada mínimo detalhe e responder cada pergunta que você tiver. Só que você pode fazer uma coisa para mim antes? Ele ergueu as sobrancelhas, quase se desculpando, e torceu o nariz de novo. – Se importa de lavar o seu cabelo? Você absolutamente fede a lobisomem.
"Tenho que admitir, eu ainda fico triste em ter tirado essa ultima frase."
Sendo Jacob BlackComentários da Stephe:
"Aqui está um breve (há há) resumo da história até o final de Lua Nova, se você é Jacob Black:"
Sendo Jacob Black
Então você é um garoto feliz. Você tem amigos legais, seu pai é bacana, mesmo sendo um pouco supersticioso. Você vai bem na escola – não tem que estudar muito. Tem bastante liberdade. Você adora todas as coisas mecânicas.
Um dia, a filha do melhor amigo do seu pai aparece. Ela é bem bonita, daquele tipo de beleza de vizinha, mas, mais que isso, você instantaneamente a entende. Espíritos gêmeos. Bella se afasta de todos os amigos da escola, parecendo totalmente interessada em tudo o que você tem para dizer. Você imediatamente se encanta, mas sabe que ela está fora do seu alcance. Ela está no segundo ano, você no primeiro – é, vai sonhando. Mesmo assim, você pensa nela bastante. Quem sabe um dia, você fica repetindo.
É claro que agora você fica muito mais interessado em tudo o que o seu pai tem a dizer sobre o Charlie. Você fica insistindo para ele fazer as pazes com o Charlie sobre a história dos Cullen. Na sua cabeça, Billy é quem está errado. Você pede que ele se desculpe. Eventualmente, ele o faz. Ele vai assistir um jogo de beisebol e, claro, você vai junto. Alguém tem que dirigir. (Você sabe que não está enganando ninguém – Billy entende na hora).
Você vê a Bella com um cara em um carro demais (o carro é a primeira coisa que você vê. Foi muito bem trabalho – mas nada chocante. Você fica impressionado). Você é seguro o suficiente em sua masculinidade pra admitir que o cara é bem bonito. Observador como você é, consegue ver a fagulhas entre os dois. Suspira – é, você sempre soube que ela seria pega bem rápido. Mas relacionamentos de escola acabam rápido, então você esquece. Se pergunta quem ele é (você conhece todo mundo por aqui) e por que o seu pai está tão esquisito.
Você tem uma chance de conversar com a Bella, e é bom de novo. É bem confortável ficar perto dela. Você pergunta quem é o cara, e ele é um Cullen, então é daí que veio a reação do Billy. Você passa uma noite agradável com a Bella, exceto pelo fato de que ela parece bem distraída e está usando um novo perfume que você detesta.
Quando chega em casa, você escuta o seu pai surtando. Ele liga para todos os amigos supersticiosos. Você entende (ouvindo escondido do seu quarto) que eles estão dizendo que não é da conta dele. Você concorda, mas o Billy nem pergunta a sua opinião. Seu pai acha que esse cara é literalmente algum tipo de mostro – dá até vergonha.
Billy vai ver o Charlie de novo, e ele ainda está chateado com a história da Bella. Ele fica bem tenso, e você imagina (ele resmunga quando fica agitado) que ele acha que está violando aquela trégua antiga. Você meio que considera mencionar que você contou as historias para a Bella, mas você sabe que tomaria bronca, então não diz nada.
Você vê a Bella e o namorado dela outra vez. É óbvio que ele é namorado dela – ele beija o pescoço dela antes dela entrar em casa. Billy quase tem um derrame. Ah, certo – vampiros. Ai Deus, o velho vai humilhar vocês dois. Você imagina porque o namorado só fica sentado lá na picape…
Você fica mais triste do que achou que ficaria. Você achava que já tinha aceitado que a Bella tinha um namorado, mas essa prova é mais depressiva do que você esperava. A diferença entre suspeitar de uma coisa e vê-la por si próprio. Suspiro. Seu pai manda você procurar algo, e só depois você percebe que ele queria ficar sozinho com a Bella. Você espera que ele não tenha se feito de bobo.
A vida continua. Você tem algumas paixonites por algumas meninas na escola, mas elas acabam rápido. Você ainda pensa bastante na Bella. Queria que pudesse só passar algum tempo com ela, mas seu pai está sendo idiota sobre a coisa do Cullen. Ele não deixa você ir visitá-la. Como se você fosse se machucar ou algo assim. Você revira os olhos para ele muitas vezes.
Bella foge de casa. Quando Billy conta isso, te afeta muito. Você se preocupa com ela – isso te mantém acordado à noite. Você não tinha idéia que ela estava tão infeliz. Você fica bravo por ter deixado o Billy te manter longe dela. Talvez você pudesse ter ajudado de algum jeito…
Então o Charlie liga para o Billy para dizer que a Bella sofreu um acidente terrível em Phoenix – ela atravessou uma janela e seu estado no hospital é grave. A noticia é como uma bigorna na sua cabeça. Quando o Billy ouve que o Dr. Cullen está lá cuidando dela, ele implora para o Charlie pegar um avião. Eles brigam de novo. Você se oferece para ir até lá e ver como ela está, mas o Billy desconta tudo em você. Você sai, mas fica se lamentando nos degraus. Você o escuta ao telefone com alguém, gritando sobre tréguas e guerras – você não consegue escutar muito bem pela porta. Mas você escuta algo sobre os Cullen machucando a Bella, e também sobre Sam. Imagina por que Sam Ulley faz parte dessa conversa. Mas não fica imaginando por muito tempo. Você está preocupado demais com a Bella.
Bella melhora e volta para casa. Você está morto de vontade de vê-la – certamente você pode pelo menos levar algumas flores, desejos de melhoras, algo assim. Mas Billy te proíbe de ir, e você não consegue convencer ninguém a te emprestar um carro (todos estão do lado do Billy). Você não acredita como essa piada de vampiro tenha ficado fora de controle.
Então o Billy muda a estratégia. Ele quer que você vá falar com a Bella. Mas ele quer que você vá de penetra no baile dela. Você se sente humilhado. Mas ele te suborna, e você quer muito ver a Bella. Você vai. Ela está tão bonita. Você passa a mensagem de dar vergonha do Billy, mas, para o seu alivio, ela ri sobre a mensagem com você. Você vê o jeito que ela para o Edward Cullen, e sabe que ela está completamente fora do seu alcance. Mas você fica bem, porque também sabe que ela sempre será sua amiga. Você quer que ela seja feliz, e esse cara claramente a deixa feliz. Você se sente mal por como o seu pai tem sido mau e errado em relação aos Cullen e você deseja que tivesse algum tato para se desculpar. Bella está usando aquele perfume horrível outra vez. Você se pergunta por que ela gosta dele.
Você tem um verão legal em La Push. Trabalha na garagem a maior parte do tempo, e também algumas horas por semana na loja para alguma grana extra, passa o tempo com Embry e Quil, sai em alguns encontros em grupo. Uma menina fica a fim de você, mas é só amizade pra você. Billy ainda está preocupado com a Bella, e você não pode evitar prestar atenção especial sempre que o nome dela é mencionado. Tem uma gangue idiota começando a se formar na cidade, e você e seus amigos tiram sarro do bando do Sam pelas costas deles.
A escola começa de novo, e tudo está bastante normal.
Tarde da noite, Billy recebe uma ligação desesperada do Charlie. Bella está desaparecida, perdida na floresta, ele acha. Billy promete ajudar. Você já está à porta, mas ele diz não. Você fica nervoso, mas começa a andar de qualquer jeito. Não chega lá até as três da manhã, e todo mundo está indo embora. Bella está dormindo, eles lhe dizem, então você não entra na casa. Você vê Sam, Jared e Paul lá, e isso te irrita. Sr. Weber oferece uma carona para casa quando te vê andando. Ele é quem te conta sobre a partida dos Cullen. As pessoas já estão fofocando sobre o assunto. Edward deixou a Bella na floresta, foi assim que ela arranjou confusão.
No começo, suas emoções são confusas. Você tem que admitir que fica um pouco feliz, mas tenta reprimir esses sentimentos. São errados – a Bella deve estar infeliz. Você torce para que ela esteja bem.
Então você começa a receber detalhes. Charlie está desesperado, e ele liga para o Billy muitas vezes para pedir ajuda. Mas nenhuma das suas irmãs passou por algo desse tipo, e o Billy não pode ajudar muito. Você ouve que a Bella está acabada, talvez catatônica, sem comer ou dormir.
Você começa a odiar Edward Cullen. Como ele pôde fazer isso a alguém tão bondoso e gentil? Que tipo de monstro ele é? Você se arrepende de um dia ter tido vontade de pedir desculpas a ele.
Ao mesmo tempo, você fica nervoso com o povo de La Push que fica comemorando a partida dos Cullen. Te irrita de verdade. Eles ficam comemorando a mesma coisa que devastou a Bella.
O tempo passa, e o Charlie fica cada vez mais preocupado. Billy não te proíbe mais de ver a Bella, mas instintivamente você sabe que ela não quer te ver – não quer ver ninguém. Você tenta não se preocupar com ela, é difícil quando o Billy fica resmungando sobre ela toda a hora. Ela está parecendo um zumbi, o Charlie diz. Ela não sorri desde que o Edward foi embora.
Meses passam. Um dia, você escuta um motor familiar rugindo do lado de fora de casa. Você nem acredita, mas Bella foi visitar do nada. Você fica muito feliz, até que a vê melhor. Ela está pior do que você podia ter imaginado. Ela perdeu muito peso e os círculos embaixo dos olhos dela estão pretos. O cabelo parece mais escuro e o rosto está branco demais. Parece que ela ia se partir em duas a qualquer minuto. Mas então ela olha para você, e ela sorri, sorri de verdade. Ela está feliz em te ver. É uma coisa pequena, mas quer dizer tudo para você.
Você presta atenção em tudo o que ela fala e faz, mas nunca de um jeito que ela nota. Você compara o jeito que está se comporta com tudo o que você ouviu do Charlie. Ela conta para você das bicicletas, e você se anima. Isso é algo em que você é realmente bom, e adoraria se mostrar um pouco. Ela parece perfeitamente confortável, e você se sente do mesmo jeito. É como se ela tivesse passado todos os dias do ano passado com você – nem dá para perceber que faz meses que você não a vê. Vocês se dão bem juntos, como sempre se deram. Espíritos gêmeos.
Você começa a perceber pelos próximos dias que tem algo mais em que você é bom além de carros: você consegue deixar a Bella feliz. Não do jeito que ela era antes, mas muito melhor do que ela esteve. Charlie e Billy ficam no telefone o dia todo, e você fica orgulhoso em saber que a está ajudando. Você a observa ficar melhor e melhor – sorrindo e rindo mais, ficando animada com os planos de vocês – e você fica grato do fundo do coração que pode fazer isso por ela.
Mas ela ainda não voltou ao normal, e você vai levando as coisas devagar. Ela parece estar se reinventando, e você dá espaço para que ela faça isso, só a acompanhando e seguindo o que ela propõe.
As coisas com a Bella vão bem, mas se não fosse por ela, sua vida seria uma droga. Embry se juntou ao culto doido do Sam, e você fica com medo por ele e furioso com ele ao mesmo tempo. Ele não fala com você. Você e Quil tentam entender o que está acontecendo, mas nada faz sentido. Billy é tão irritante com a coisa toda e fica te olhando de um jeito engraçado. Te deixa ansioso. Você conta isso para a Bella, também, e ela te deixa melhor por levar a sério. Ela te abraça e seu coração quase explode.
É claro que você percebe que está se apaixonando por ela. Você também sabe que ela ainda não está pronta, e não pensa em você desse jeito. Mas você sabe ser paciente, e mantém os dedos cruzados de que um dia ela te olhe de modo diferente. Você fica feliz por ser tão alto, por não parecer ter dezesseis anos. Você está começando a ter músculos, mesmo sem levantar todo o peso como o Quil sempre faz, e isso te deixa feliz também. Ela disse que você era meio bonito…
Ela sai com você e os amigos da escola, mas os planos dão errado e é só você, Bella e Mike Newton. É fácil perceber a tensão. Você está se sentindo bem enquanto observa – ela não gosta desse garoto. Ela não fica a vontade com ele do jeito que fica com você. Ela quase nem fala com ele. Você gosta do filme que qualquer outro que você já assistiu. Ela gosta mais de você. É óbvio.
Ele passa mal. Você espera por ele com a Bella, e está se sentindo muito esquisito. É estranho – você se sente poderoso, cheio de confiança. Está voando, e fica chocado com as coisas que diz a ela. Tudo só acaba saindo. Ela admite que você é o favorito dela, mas ela claramente ainda está de luto pelo idiota que a magoou. Por meio segundo fica cheio de raiva de que alguém pudesse machucá-la tanto. Você queria matá-lo. Fica surpreso com essa emoção e rapidamente o reprime.
Você leva a Bella para casa, e está cheio de esperança. As coisas vão dar certo. Você é o único que a deixa feliz. Ela precisa de você. Você vai fazer tudo o que puder para continuar a fazendo feliz. Você promete isso a ela. Está se sentindo ótimo. Só mais um pouco de tempo…
Você vai para casa e o Billy fica te olhando daquele jeito irritante. Está se sentindo irritado, como se houvesse agulhas espetando toda a sua pele. O quarto está quente de mais – Bella disse que você estava com febre. Você mal consegue ficar em pé.
Billy diz que você está esquisito, de um jeito todo crítico, e uma raiva insana te invade. Dessa vez, você não consegue pará-la. Você se sente girando, fora de controle, um ódio tão profundo que faz todo o seu corpo tremer. Parte de você sabe que sua reação é estúpida, mas a maior parte está possuída pela fúria. Tudo fica quente, como se o quarto estivesse pegando fogo. Você consegue sentir o calor dentro dos seus ossos.
E então, para seu horror e choque, a tremedeira fica pior e você sente seu corpo se despedaçar. Fica aterrorizado. Só leva um segundo, mas é segundo mais longo da sua vida. Você se sente explodindo e pensa que está morrendo.
Mas o seu corpo se recupera antes disso – você não se parte em pedaços. Está numa nova forma que não compreende. Sua cabeça está batendo no teto, e você está olhando para o Billy de alguma grande distancia. A tremedeira parou, mas o ódio ainda está lá. Tudo está quente e vermelho. Você tenta gritar com o Billy, fazê-lo explicar, mas tudo o que sai é um uivo horrendo. Você dá um passo na direção dele, e o quarto balança. Seus lábios estão por cima dos dentes e você pode ouvir os rosnados e que sacudir o Billy e exigir saber o que ele fez com você. Você se estica para ele, e essa pata enorme, com garras se move ao invés da sua mão. Você olha para baixo e um urro de terror sai por seus dentes.
Billy fala como você como se você fosse uma criança, devagar e tranqüilizador, dizendo para ficar calma, que tudo ficará bem. Mas ele não explica o que aconteceu – o que você é. Te deixa com raiva de novo o fato dele não parecer surpreso. Ele estava esperando isso? Por que ele não te avisou?
Billy vai até o telefone e liga para alguém. Assim que você ouve o nome do Sam, surta. Sam sabe disso. Rosnados horríveis enchem a casa. Billy parece assustado e você está bem na cara dele, seus maxilares querendo morder. Você se joga para trás, e escuta o uivo assustado de novo.
É então que começa a escutar vozes na sua cabeça. Mas são muito mais que vozes. Por trás das palavras, você pode ver imagens e sentir o que sentem. Dentro de segundos, você entende. Você vê a palavra por trás das outras palavras, a resposta para a sua pergunta. Lobisomem. Voe é um mostro.
Embry é o que mais ajuda. Você reconhece a voz dele mesmo que não tenha som. Você vê como ele está aliviado de que você está com ele agora. Sam deixa que ele explique, deixa que ele te tire da casa (Billy te ajuda a sair da casa – seus ombros mal conseguem atravessar a porta). Na floresta atrás da sua casa, você vê os outros pela primeira vez. Eles são enormes e terríveis. Você está apavorado de saber que é como eles.
A noite é longa. Eles te mostram tudo. Todas as hitórias e as lendas que você escutou durante a vida toda na verdade são fatos. É como chegar em Oz, tudo ganhando cor, exceto que esse novo mundo não é um lugar bonito e cheio de munchkins. Você está dentro de um filme de terror. Você é um dos monstros. Eles te mostram porque isso aconteceu, e essa é a pior parte. Porque os vampiros são reais também. E é culpa deles que você virou essa coisa. Mais que isso, não só os vampiros sanguessugas literalmente existem como a sua amiga, a garota que você ama, ainda é apaixonada por um deles. Primeiro você não acredita que ela saiba da verdade, mas eles te convencem que ela é completamente consciente. Te deixa enjoado agora, lembrar como ela ainda fica de luto por ele.
Você é um monstro também, mas não um dos ruins. Você é o tipo que existe para proteger sua família dos ruins de verdade. Não que isso sirva de consolo. Especialmente quando eles dizem que ser um protetor lendário você não pode mais ficar perto de gente normal. Você é perigoso demais por enquanto. Em seis meses, um ano, quem sabe. Você tem que continuar indo a escola para manter o segredo, mas nada de outros riscos desnecessários. Na escola, você deve concentrar todo a sua energia em ficar calma. Esquecer as aulas. Só não mate ninguém.
E a Bella está totalmente fora de questão. Quando você reclama, vê as memórias do Sam. É como se você estivesse lá. Você o vê implorando para a Emily. Você ouve a resposta que enche o Sam de uma fúria irracional – a fúria que é a marca e a maldição dos lobos. Você o sente explodir, a mão na direção dela. Você vê as garras rasgarem o rosto dela. Você a vê atingir o chão, inconsciente. Você sente o terror dele, o pânico. É tão forte que ele não consegue se transformar de volta para ajudá-la. Você acha que a está vendo morrer (mesmo sabendo que ela sobreviveu, te deixa acabado – você vomita com a dor da memória). Você vê o Jared e o Paul correr para trazer a Sue Clearwater (uma enfermeira – a melhor alternativa disponível quando o pessoal do hospital é vampiro). Sue cuida da Emily enquanto o Sam se contorce de agonia na floreta, se escondendo, ainda incapaz de se acalmar o bastante para voltar…
E você sabe que eles estão certos, você não pode mais ver a Bella. Sua promessa vai se quebrar. Você vai magoá-la, assim como o outro mostro fez.
Vendo as memórias do Sam acabarem, você vê como se transformar de volta. Se acalma do jeito que ele fez, e se sente tremer e voltar a forma verdadeira. Pelado e enjoado, você se curva no escuro e chora como nunca chorou na vida.
Os outros ficam surpresos. Levou dias ou até semanas até que o resto deles conseguisse se transformar de volta.
Sua nova vida começa tensa. Não só os vampiros são reais, como eles ainda estão aqui. Novos, não os Cullen. Estão caçando na área, e é seu trabalho pará-los. Essa parte você consegue. Todo o ódio pelo o que Edward e o resto dos Cullen fizeram a Bella é canalizado às caçadas para esse par, o macho de cabelo escuro com a companheira ruiva.
Quando você consegue pegar o macho, é quase tarde demais. Você segue o cheiro do vampiro cuidadosamente, tentando surpreendê-lo. Jared vai à frente porque os olhos dele são como binóculos – conseguem enxergar por quilômetros. O vampiro pára em uma clareira pequena, e Jared o vê conversando com a Bella. Você se apressa, mas o Sam hesita. Vocês estão fora das terras da trégua. Esse é um dos amigos dos Cullen? Ele quebrou a trégua ao matar as pessoas, mas vocês não podem provar – não testemunharam. Sam não quer começar uma guerra sem ter certeza das conseqüências. Você acha que ele ficou cuidadoso demais. Discute, e quando fica claro que esse Laurent quer machucar a Bella, Sam rapidamente fica do seu lado.
Matar Laurent é mais fácil do que todos vocês esperavam. É porque eram cinco contra um? Você sabe que esse não é o caso. Você e Sam fizeram a maior parte do trabalho, e você sente que você conseguiria ter feito tudo sozinho. Talvez os vampiros não são tão durões como as histórias fizeram todos vocês acreditarem.
A imagem do rosto amedrontado da Bella da clareira sempre está atrás dos seus olhos. Ela estava apavorada – mais horrorizada com a sua nova cara do que estava com o vampiro caçador e de olhos vermelhos. Você se pergunta constantemente como ela explicou para si mesma o que viu.
A caçada continua e a vampira ruiva prova se muito mais esquiva. O bando não entende os motivos dela, então é difícil adivinhar seus movimentos. E ela é muito boa em fugir.
Ter um vampiro por perto te deixa nervoso. Todos eles parecem chegar perto da Bella no fim. Você corre pela casa dela à noite, para ter certeza que ela está segura.
A vida normal virou um dever. Mas os outros ficam impressionados com o seu controle, e durante aquelas poucas semanas atrás do vampiro de cabelo preto, eles ficam cada vez mais abobados. Você é melhor em controlar suas “crises” (como você as chama) do que qualquer um deles. Demorou meio ano para o Sam chegar no ponto que você chegou em duas semanas. Você já é melhor que o Embry, Jared e Paul. Mas isso não te deixa mais feliz. Por que alguém gostaria de ser melhor em ser um lobisomem?
Assim, você começa a pensar que seria capaz de ver a Bella. Você tem certeza, agora que sabe o que esperar, que pode se controlar perto dela. E ela liga o tempo todo. Os monstros na floresta deviam sem dúvida tê-la traumatizado. Ela precisa de você. E isso fica na sua cabeça a maior parte do tempo. Sam te castiga – ninguém sabe melhor que ele como é cometer um erro.
Você não pode nem conversar por ela pelo telefone. Todos os lobos e os anciãos ficam perturbados com as suas memórias – todos foram tão cuidadosos com a trégua, e você a quebrou, mesmo sem saber. Pelo menos os vampiros que concordaram com a trégua foram embora, então isso não significa uma guerra. E a Bella não pareceu acreditar um mais que uma história… Mas o Sam te dá uma ordem: você não pode contar a verdade para Bella. E ele diz isso na forma de lobo, e você pode sentir a autoridade pelos pensamentos. Ele é o lobo alfa, e você não pode desobedecer.
Mas a Bella é persistente, e você não fica surpreso quando ela monta guarda do lado de fora da sua casa. Você convence os outros que pode lidar com uma conversa, que tem que ser feita uma hora ou outra. Sam concorda – ele não está disposto a mandar muito em sua forma alfa, com você menos que o resto (mas essa história é para outra hora). Ele te previne para ficar calmo, e insiste que você diga o que for preciso para mantê-la longe. Ele está pensando na Emily, e como você pode discordar disso?
É mais difícil do que você achou que seria. Você observa o rosto da Bella quando quebra a promessa, e é como se alguém estivesse de esfaqueando. Você é tão mau quanto o vampiro que a despedaçou. É como se você estivesse tirando toda a sua esperança e felicidade, e a dela também, e esmagando com suas próprias mãos. Algumas vezes a raiva é mais forte – você começa a se esquentar, mas consegue controlar. O mais perto que chega de perder o controle é quando ela defende os vampiros. Como ela pode pensar bem deles, especialmente agora, depois de tudo o que eles fizeram para ela? Como se só ser vampiro não bastasse.
E então ela começa a colocar a culpa nela mesma – ela pensa que fez algo de errado, e é por isso que você está fazendo isso. Ela quase te implora. Você se odeia de verdade por estar fazendo isso com ela. Você foge, se transformando assim que você fica fora de vista para que não chore como fez antes.
É uma longa tarde. Você fica cansado do Embry tentando te consolar, cansado da aprovação do Sam pelo que você fez. Você se pergunta amargamente se não marcou a Bella tão profundamente quanto o Sam marcou a Emily. Você volta para sua forma humana para escapar deles, e pensa a noite toda. Você sai de casa para se afastar do Billy, que é tão irritante quanto os outros.
Você percebe que mesmo o Sam tendo te proibido de explicar as coisas para a Bella, tecnicamente, ele não te proibiu de vê-la. Você sabe que isso vai ser complicado, mas não agüenta que ela fique imaginando que não quer ser amigo dela. Você tem que se desculpar, arranjar um jeito.
Você vai de moto e a esconde em outra rua. Entra no quarto dela, e se surpreende em ver como ela está brava. E outra, ela está horrível – quase tão ruim como da primeira vez que você a viu. Os olhos estão vermelhos e o rosto molhado. Você se odeia de novo, ao ver isso. Tenta explicar, mas as ordens do Sam ficam atrapalhando.
Você tenta pelo menos deixar claro o quão importante ela é e que essa separação não é culpa sua. Enquanto você fala com ela, primeiro acha que estava errado em querer vir para cá. Não está deixando as coisas melhores. Elas não podem ser melhores, enquanto ela não entender. Se ela somente acreditasse em todas as histórias daquele primeiro dia…
Você percebe que ela já sabe o que você quer que ela saiba. Você tenta fazer com que ela se lembre, que junte as peças, mas ela está quase dormindo e confusa. Você fica mais esperançoso, mas também mais tenso. Ela vai se lembrar? Ela vai entender? Se sim, o que ela vai pensar? Ela vai ficar assustada e enojada? A idéia de que ela talvez se sinta assim te deixa nervoso. Ela foi capaz de aceitar um vampiro… Isso te dá nojo.
Assim que você se transforma de novo, Sam e os outros ficarão sabendo de tudo sobre essa brecha. Você espera que possa manter a noticia longe deles até que a Bella entenda as coisas. Volta de moto para casa, e promete que vai se manter calmo, custe o que custar.
Quando você acorda de manhã, Billy diz que a Bella passou na sua casa, e que ela está esperando por você na praia. Você fica animado e receio. Ela devia ter juntado as peças. Ela não ligou. Ela já tinha aceitado o que você era?
Então você chega à praia e vê a cara dela. Ela está assustada e chateada. Você consegue ver na expressão dela que ela não fica contente com essa sua nova vida. Isso te deixa furioso. Você tem que concentrar todas a sua energia para permanecer humano. Você a acusa de ser hipócrita, e então sente um alivio incrível quando o desentendimento é esclarecido. Incomoda saber como ela protege seus vampiros, mas pelo menos a aceitação dela se aplica a você também. Outra vez, você se sente esperançoso. Talvez vocês possam passar por cima de toda essa bagunça e ficar juntos de novo.
É um alivio imenso poder conversar abertamente com ela outra vez. Você fica surpreso que ela sabe mais sobre os vampiros fora de Forks do que o bando, e horrorizado que a ruiva estava atrás da Bella o tempo todo. Você fica ansioso para falar com os outros; você quer um plano em ação para proteger a Bella. Você fica muito irritado, sabendo que existe alguém que quer machucá-la. Pela primeira vez, você fica feliz em ser um lobisomem. É horrível, mas, ao mesmo tempo, você pode proteger a Bella. Parece que de repente, vale a pena.
Você chama o bando todo. Enquanto você está confiante que pode se controlar perto da Bella, você esquecer de considerar os outros. Paul reage pior que você esperava. Você tem que se transformar bem na frente da Bella para protegê-la, e não tem uma chance de ver a reação dela. Você tem que tirar o Paul de perto dela. Para a sua sorte, você está ficando maior e mais forte a cada dia que passa. Não é difícil empurrar o Paul até a floresta. Sam junta-se a vocês rapidamente, e ordena que o Paul se acalme. Você explica para eles sobre a ruiva e Bella – não demora muito, falando através dos pensamentos como vocês fazem. Embora o Sam admita que essa informação é importante e útil, ele de dá um sermão. Ele diz que você colocou a Bella em perigo hoje, e então ele dá um sermão no Paul, por ser o perigo. Finalmente, ele te lembra que ele entende, e vocês três voltam a ficar bem. Melhor que antes, você percebe. Você acha fácil fazer parte da situação, agora que ela ajuda a Bella.
É estranho como as coisas voltam ao normal, enquanto ao mesmo tempo, tudo é diferente e perigoso. Bella é a peça chave que te ajuda a balancear tudo. Você dorme algumas horas por noite, mas a maior parte do tempo está correndo pela floresta com o Sam ou o Embry, procurando algum sinal de que a vampira ruiva tenha voltado. Quando não é seu turno, você passa o máximo de tempo que pode com a Bella. Há um novo nível de intimidade à amizade de vocês. Vocês sabem todos os segredos um do outro, e isso faz mais diferença do que achou que faria. Você fica impressionado com o quanto ela não podia falar, como ela esteve sozinha durante o tempo que ficou quebrada. Ainda te deixa perturbado em ver o quanto ela está de luto pelos Cullen. Você não consegue ver a diferença entre os Cullen e a vampira que está atrás dela, mas ela consegue. Ela obviamente tem medo daquela vampira. Você tenta confortá-la. E fica feliz que ela não tem mais que ficar sozinha com isso.
Você se preocupa com a Bella ficar sozinha quando você está de patrulha. Você não fica feliz quando os seus planos de levá-la para se divertir – quebrar a ansiedade constante – são interrompidos pela Victoria. Ela faz uma tentativa capenga de cruzar para o seu território. Você acha muito suspeito, e quando ela entra na água, você se preocupa que ela tenha outro plano. Você, Jared e Embry correm pela costa, procurando algum sinal de que ela tenha tentado pisar em terra firme. Você volta para La Push sem cruzar com o cheiro dela. Embry continua com o Jared, mas você quer ver a Bella. Só para ter certeza que a ruiva não passou a perna em vocês.
Bella não está na praia, nem a ruiva, nem ninguém. Você continua até as árvores, mas a tempestade está tão forte que ninguém está por perto para te ver. A picape dela não está na frente da sua casa. A primeira coisa que você pensa é que ela voltou para casa, mas marcas de pneus recentes levam em outra direção. Não é até que você encontra a picape abandonada na estrada perto dos penhascos que você se lembra do que tinha prometido no dia anterior. Pular do penhasco. No mesmo instante, você escuta o grito da Bella, longe, desaparecendo conforme o som vai caindo.
Você corre até a beirada do penhasco em segundos. Não consegue ver nada lá embaixo – as ondas são muito fortes, não há sinal da queda recente dela. Você se joga, mergulhando de cabeça na água escura.
A água está bruta. Você sabe o quanto de força está usando para conseguir nadar por ela, e sabe que a Bella não é assim tão forte. Nenhum humano é assim tão forte para dar conta dessa correnteza.
Você procura freneticamente, seus olhos afiados passando pela água. Finalmente, você vê algo brilhando, braço – as mãos dela lutando inutilmente contra as ondas. Você está submerso, quase sem ar, e com um pânico gigante. Nenhuma outra pessoa teria sido capaz de conseguir sob as mesmas circunstancias, nem mesmo o Sam, mas você se concentra e se força a voltar à sua forma humana. Então você pega a Bella e puxa para a superfície.
Você queria ter trazido o kit de primeiros socorros. Tudo em que você consegue pensar é tirar a água dos pulmões dela. Tem tanta. No começo ela está consciente, mas depois apaga. Você não sabe o que fazer. Você a leva de volta para a praia, esperando que consiga a ajuda desse jeito. Os pensamentos do Jared e do Embry estavam com você durante a queda, mas agora você está desconectado deles.
Sam chega, mas a Bella acorda antes que ele possa fazer muito mais do que te contar da tragédia na vila. Você fica chateado em tê-lo tirado do lugar que precisam dele. Bella parece estar bem. Você não sabe se ela precisa de um medico, mas ela só quer descansar, então você a leva para casa. Está exausto de tantas noites correndo, e você dorme ao lado dela. Se sente bem lá, juntos e sem segredos entre vocês, sabendo que ela está segura.
Billy te acorda quando chega em casa. É devastador saber que Harry se foi. Ele era um dos melhores amigos do Billy, um tio em tantos jeitos, e também um dos três anciãos que sabiam sobre os lobos. Não parece justo que ele tenha morrido.
Você leva a Bella para casa, sabendo que o Charlie estará de luto também. Pela primeira vez desde a noite em que você se transformou – a noite daquele filme horrível – você pensa que isso talvez dê certo. Parece certo segurá-la desse jeito. Ela sente o mesmo? Talvez não seja tão forte quanto ela se sentia sobre o vampiro, mas deve significar que nenhum dos dois fica completo sem o outro. Parece que é seu destino ficar com ela.
Ela começa a se afastar. Ela não está pronta, mas você acha que ela estará. Só mais um pouco de paciência. Você abre a porta do carro, e esse pensamento pacífico é ameaçado.
Há um vampiro por perto. Seu primeiro palpite é a ruiva, e você imagina que ela usou a distração da morte de Harry para se desviar. Não tem certeza de onde ela está e se ela está observando. Você tem medo de que ela comece a caçar, caso ela entre enquanto você a está procurando. Decide que a melhor coisa é levar a Bella de volta a La Push, deixá-la com o Embry e então caçar a ruiva com o Sam.
Mas algo não está certo. O cheiro é outro. Um vampiro, obviamente, mas não é o mesmo cujo cheiro vinha vindo queimando seu nariz pelas ultimas semanas.
Antes que você tenha alguma idéia, a Bella pede para você parar. O rosto dela está mais brilhante desde o dia que ela foi procurar você, toda machucada. Ela acha que os Cullen voltaram, e o carro brilhante parado em frente à casa dela dá evidencia à teoria. O entusiasmo dela te deixa enjoado. Você fica furioso. É difícil se acalmar.
Fica claro que você terá que levá-la a força se quiser impedi-la de entrar na casa. Ela parece certa que são os vampiros dela. Ela já foi embora – mentalmente, ela está a quilômetros de distancia de você. E você te responsabilidades. O bando esteve ignorando as linhas da trégua completamente desde que os Cullen partiram. Você não pode deixar que seus irmãos arrumem confusão, não sabendo que os Cullen está de volta.
Você odeia ter que deixá-la, e fica bravo que é isso que ela quer. O futuro que parecia tão esperançoso há alguns minutos se transforma em nada. Ela nem se importa que eles foram embora? Isso não importa? Nenhuma vez ela expressou algum tipo de ódio em relação a eles pelo que fizeram a ela. Você imagina que ela nunca sentiu esse ódio. Ela aceita o que eles fizeram sem nem questionar.
Você precisa ir embora, porque você não vai conseguir se segurar por muito mais tempo. Consegue sentir a raiva crescendo. Você a deixa sozinha na rua, desejando mais que qualquer coisa que ela te chamará, que ela mudará de idéia. Ela não muda.
Você corre para o hospital, e então se transforma de volta. A raiva diminuiu um pouco, e você fica preocupado com a segurança dela de novo. Você liga e ela atende. Os Cullen voltaram, e ela escolheu os vampiros ao invés de você.
É uma noite péssima para os lobos quileutes. Sam volta as linhas de patrulha ao normal para que vocês só protejam alguns quilômetros da reserva. Sam não quer deixar nenhum buraco – talvez haja meia dúzia de vampiros por aí, e as intenções deles não são claras. Você se preocupa com a Bella e a ruiva, mas Sam diz para deixar que os Cullen cuidem disso eles mesmos. Você fica péssimo com a idéia da Bella pertencendo a eles.
Os dias passam. Ninguém tenta cruzar a linha. Billy liga para o Charlie, e parece que só um dos Cullen voltou, e ela está passando os dias com eles. Isso te deixa assustado. Sam está preocupado – qual é a nova medida? As linhas da trégua voltaram? Por quanto tempo? O resto deles também vai voltar? Eles sabem sobre a ruiva? Eles consideram que ela esteja sob a proteção da trégua também? Se sim, a trégua está desfeita. E se eles não a pararem, o bando irá considerá-los como cúmplices. Sam, Billy e o velho Quil discutem a possibilidade de uma guerra…
Mas o Sam quer informação primeiro – tentar manter as coisas civilizadas pelo máximo de tempo possível – e você se oferece como voluntário. Insiste em ir pessoalmente. Você precisa ver o rosto dela, ver o quão envolvida ela está. Você diz ao Sam que vai ter mais informação pessoalmente, que você saberá melhor se ela está mentindo. Você não o engana com seus motivos, mas seus argumentos parecem inúteis.
Então você vai durante o funeral, para que consiga falar com ela honestamente, sem arriscar que o Charlie interrompa. Jared e Embry não querem te deixar sozinho, mesmo quando você tem certeza que a vampira saiu. Você sabe que eles ficaram por perto, mas não quer que eles escutem. Você quer falar com a Bella, falar de verdade, mas é o máximo que pode fazer para ficar calmo. A casa dela fede – queima seu nariz. O fedor de vampiro está grudado nela. Vocês estão um pouco hostis, mas ela responde as suas perguntas. A Cullen só está visitando. Você diz a si mesmo que as coisas voltarão ao normal quando a vampira for embora de novo.
Você não consegue ir embora. Vê que a magoou, e volta e a encontra chorando. Você se sente pior, e melhor. Melhor porque ela pelo menos se importa com você o suficiente. Ela está chorando por você. Isso já é algo.
Você consegue falar com ela, mas é difícil. Ela os ama. Os monstros que a machucaram – ama todos. Ela se importa com você também, mas não tanto. Ainda, a vampira irá embora… Você está confuso, sem saber como se sentir.
Você a segura em seus braços, e é como antes – como se fosse o destino. Você pega o rosto dela nas mãos, e de repente você quer beijá-la mais do que qualquer coisa no mundo. Não é como você planejou – a hora é péssima com a vampira por perto. Mas depois você pensa que isso também seja o destino. Talvez ela vai sentir isso. Você vê o conflito nos olhos dela, e imagina que lado ela vai tomar quando os seus lábios tocarem os dela.
O telefone toca bem nessa hora inoportuna, e você atende. Que escolha tem? Pode ser o Sam, pode haver algum problema. Você ouve o tom claro, cantante da voz com um leve sotaque britânico, e sabe quem está ligando na primeira palavra. Outro deles. Talvez a Bella estivesse errada sobre o resto deles voltar também. Talvez ela estivesse mentindo.
Bella fica nervosa de novo quando o vampiro desliga na sua cara. Antes que você possa esclarecer, sente a queimação fresca de uma vampira próxima. Escuta o leve som da aproximação quase silenciosa da vampira. Você tenta ir embora, mas o cheiro é mais forte na sala. Antes que você possa sair pelos fundos, a sanguessuga está lá.
Ela é uma coisinha minúscula, mas depois do que a Bella disse sobre os vampiros com talentos extras, você não vai abaixar a guarda. E ela nem presta atenção em você. Ela mal parece consciente das coisas ao redor, perturbada com algo. Bella a chama de Alice. Alice fala o nome do Edward uma vez, e a Bella desmaia. A vampira a machucou? Você não vê nada. Mas se inclina para pegar a Bella antes que a vampira possa tocá-la, e a tira de perto dela.
A vampira parece bem chateada, e isso te surpreende. Você não tinha percebido que eles tinham muitas emoções. Fica revoltado e impressionado em como a Bella e a Alice parecem confortáveis em se tocar. Você pensou que a vampira não seria capaz de tocar humanos sem os machucar. E a Bella parece tão à vontade com Alice – capaz de interagir com ela como se ela fosse humana. Bella parece vê-la desse jeito – quase como uma pessoa.
A conversa é difícil de seguir. Você entende que o Edward Cullen está em algum tipo de confusão, e é culpa de uma tal de Rosalie. Bella está gritando e exigindo ajudar, e a vampirinha vai deixá-la tentar, embora ela tenha deixado claro que é uma missão suicida.
Você segue a Bella até a cozinha, onde ela escreve um bilhete para o Charlie. Você pede a ela que não vá. É como se você não tivesse dito nada. Ela pede que você tome conta do pai dela.
Bella corre para fazer as malas, e você fica sozinho com a Alice. Você se afasta o máximo que pode dela – o instinto para se transformar e atacar é difícil de reprimir – e a acusa de estar levando a Bella para a morte dela. Na verdade é mais fácil falar com ela do que você teria pensado – ela reage e fala como um humano, embora a aparência dela seja assustadoramente alienígena. Aos seus olhos afiados, ela é como um cristal ambulante, toda angulosa e brilhante.
Alice discute por um momento, e então a Bella volta e elas se preparam para partir. Você irá vê-la novamente? Você literalmente implora para que ela não vá, mas a Bella vai embora depois de beijar a sua mão. Você mal pode se segurar por meio segundo quando percebe que ela vai morrer por aquele parasita que arruinou a vida. Pela primeira vez desde o começo, você perde o controle de si mesmo e explode em lobo contra a sua vontade.
A vida fica mais sombria do que foi antes. Os outros estão aliviados que a Alice Cullen foi embora, levando a Bella ou não. Eles tentam esconder os sentimentos de vocês, mas é claro que não há segredos em um bando de lobos. Sam cuidadosamente estende as linhas da patrulha, e você toma um cuidado extra para cuidar do Charlie, como a Bella te pediu.
É assim que você descobre que a ruiva está tentando pegar a Bella outra vez. O bando circula, lentamente aproximando o perímetro, deixando-a chegar mais perto de Forks enquanto estabelecem uma linha entre ela e Charlie… No entanto, ela abruptamente dá meia volta e foge. Você a persegue, mas ela é esperta e mais rápida que o vampiro de cabelo preto. O voo rápido dela o pega desprevenido – você não deu sinal da sua aproximação. Procurando pistas sobre o fato, Sam junta o que aconteceu. O caminho dela cruzou com uma trilha deixada pela Alice Cullen. Isso parece ter sido o suficiente para fazê-la entrar em pânico. Isso pelo menos deixa claro que ela não é amiga dos Cullen.
Charlie está desesperado, naturalmente. Ele vai até La Push para te interrogar, ver se você sabe algo que o ajude a achar a Bella. Você queria poder dizer tudo sobre os Cullen a ele, mas não pode entregar os próprios segredos, e que bem isso faria a ele? Nenhum de vocês pode salvar a Bella agora.
Rumores se espalham por Forks quando a Bella volta viva. Charlie não liga para o Billy na hora – aparentemente ele está furioso demais – então você escuta as coisas da Leah Clearwater. Charlie ligou para cancelar uma visita a mãe dela; ele não queria deixar a Bella sozinha, porque ela está muito enrascada. Você fica aliviado que a Bella esteja bem, e não se importa com mais nada no começo. Mas não demora muito até que as notícias ruins cheguem. Dr. Cullen vai voltar para o hospital – a família inteira voltou à cidade. Sam convoca as patrulhas de novo, mas não tão longe como antes. Se eles voltaram para ficar, então o bando tem que reforçar as fronteiras outra vez. Ter certeza que não há desentendimentos quanto ao que pertence aos quileutes.
Através do Charlie, o Billy fica chateado. Edward está de volta, aparentemente nomeado como “namorado” da Bella de novo, sem nenhuma repercussão da deserção dele. Bella não vem te ver, e você fica bravo, embora não esperasse realmente que ela viesse. Você também está bravo por saber que o Charlie deixa a Bella namorar o Edward de novo. Ele não devia, como pai, fazer algo sobre isso?
Você bola um plano, mas não pensa muito nele. Se deixá-la de castigo, ela não vai poder vê-lo… Talvez, se ela ficar longe dela, ela vai poder se livrar do feitiço qualquer que ele colocou nela e se lembrar quem ele é, e o que ele fez.
Outra, você tem uma nova preocupação agora. Desde que a Alice voltou, seu maior medo é que algum dos vampiros perca o controle perto da Bella e a mate por sede. Te acorre agora, que talvez haja algo pior. Talvez eles têm intenções piores do que usá-la para saciar o apetite. Você nem que ter a idéia na sua cabeça, mas não pode evitar.
Talvez eles tentem fazê-la uma deles.
É a pior coisa que você pode imaginar. É pior que matá-la – roubar a essência dela e deixá-la como uma criatura inumana de pedra, uma zombaria da pessoa que ela foi um dia. Era como se deixasse que um estranho tivesse o corpo dela, só que uma versão fria, deformada desse corpo.
Você sabe que a única coisa que deixaria o Charlie nervoso, mais que qualquer coisa (exceto pela verdade, que você não pode dizer a ele), é a moto da Bella. Você a leva até a casa dela e diz ao Charlie que está devolvendo, porque a Bella não vai mais para La Push. Charlie fica da cor de uma beterraba e grita com você por quinze minutos, prometendo que vai contar para o Billy que está acontecendo. Quando ele te deixa ir, você se esconde na floresta ao invés de ir embora, sabendo que o sanguessuga irá saber pelo seu cheiro que você esteve aqui. Você tem um aviso para entregar.
Assim como você esperava, Edward Cullen chega com a Bella para te encontrar antes que ela veja o Charlie. É muito difícil se controlar, mas você não vai se meter numa briga com a Bella ali. Ela pode se machucar e você não vai quebrar a trégua dessa vez. Deixe que os Cullen sejam os malvados dessa vez.
Bella está furiosa. Você estava preparado para isso, mas ainda é ruim vê-la magoada.
O vampiro de pega de surpresa, te agradecendo pelo que você fez pela Bella. Você se recusa a acreditar que ele está sendo honesto. É só algum truque. Você descobre que a habilidade de ler a mente dele é ainda piore do que você imaginava. Ele vê tudo o que você está pensando.
Embora ele já saiba o aviso que você veio dar, você responde a pergunta da Bella sobre a trégua. Não só eles não podem se alimentar de humanos como se eles quiserem preservar a paz com os lobos, eles não podem criar novos vampiros.
A reação nervosa da Bella diz muito mais que você queria saber. Até aquele momento, você se preocupava que os Cullen estivessem pensando em transformá-la. Você não esperava que ela soubesse desse plano. Agora você vê que ela própria está planejando isso – que é isso que ela quer.
Você precisa se esforçar muito mais do que uma dia precisou para manter a forma. O resto da conversa não significa nada. Bella quer ser uma vampira. Ela não percebe que essa transformação é só outra forma de morte – pior que qualquer outra.
Se ele transformá-la, significará guerra. Você corre para casa para dizer aos seus irmãos. Vocês precisam se preparar…